Do avesso

 A vida não faz sentido, talvez faça e eu que não sei decifrar esses códigos. Sinto que a alma acabou de sair do meu corpo, estou entorpecida, não sinto meu coração bater... E ainda sim continuo respirando, estou viva. Ou quem sabe esteja andando pelo mundo dos mortos vivos. É muito mais fácil acreditar nos mortos vivos, do que nos contos de fadas. 

 É mais fácil lidar com mortes sangrentas, do que com o amor, este último é um tormento. Você ama, não importa quem, e um dia isso te consumirá, e revirará a sua vida do avesso. Sacrifícios, súplicas do tipo: Não me abandone, pois não sei viver sem você... Não são escutadas. E o pior acontece você se torna vazio, as coisas que antes faziam sentidos, agora não passam de fragmentos de outra vida.   

 Só resta continuar caminhando, esteja sentindo algo ou não.  Quando você encontra pessoas, conhecidos ou que seja simplesmente coloca um sorriso no rosto, não importa se é falso, é mais fácil dizer que está bem; apesar de que se você disser a verdade, que não se sente bem são pior ainda, as pessoas simplesmente não se importam. 

 E cada dia que passa eu crio contos, contos de uma alma vazia, de um coração cansado de gritar. E no lugar de borboletas saírem voando, na verdade são morcegos. E a música que eu poderia cantar, dá lugar ao silêncio. E um dia é como um século, tão cansada de imaginar que sou feliz, tão cansada de chorar, tão cansada de viver...

 E o que me bastava já não existe mais. Você conseguiu destruir o que tinha de melhor em mim. Você simplesmente esmagou o meu coração entre os dedos. E amor se esvaiu de mim. E só me resta vagar por ai como uma morta viva.